EXPOSIÇÃO “LIVROS PROIBIDOS NA DITADURA DE SALAZAR”
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EXPOSIÇÃO “LIVROS PROIBIDOS NA DITADURA DE SALAZAR”
Mais do que documentar os anos negros da censura, esta exposição chama a atenção para a importância da liberdade, reconquistada no 25 de Abril de 1974 e aprofundada com a democratização do país. Esta exposição organizada conjuntamente pela C.M. de Guimarães e pelo Museu Nacional de Imprensa pode ser visitada na Biblioteca Municipal Raul Brandão.
Recordar a Censura Para afirmar a liberdade
Entre Junho de 1926 e Abril de 1974 não houve outra instância tão presente, tão ameaçadora e tão contrária aos direitos humanos como a CENSURA.
Ela era o prolongamento dos dedos e da "consciência" dos censores. E transformou-se numa espécie de bisturi e guardião do tríptico "Deus, Pátria e Família" que regia ideologicamente o Estado Novo.
Durante a “ditadura de Salazar” milhares de livros foram apreendidos e destruidos. Os Serviços de Censura foram sobretudo uma obra do engenho do líder do regime, Oliveira Salazar, no aprimoramento feito durante décadas, através do aparelho repressivo.
O controlo sobre os livros que o país escrevia, ou simplesmente lia, era feito com a intervenção articulada das várias polícias: PSP, GNR, Alfândega, PIDE/DGS. Até a Interpol foi chamada a intervir para detectar um livro proibido.
Os CTT também estavam articulados com as polícias. Apreendendo livros que vinham do estrangeiro, ao mesmo tempo que violavam a correspondência. Autos de busca a apreensão exemplificam o processo de destruição da literatura. Obras de Gil Vicente, Camões, Bocage, Eça de Queirós e Aquilino Ribeiro, entre muitas outras, foram censuradas.
Alguns casos de apreensões chegam mesmo a ser caricatos. Tudo o que se referisse a sexualidade, revolução, sindicalismo, liberdade, etc. estava sob a alçada repressiva da Censura.
Simplesmente ridículos parecem hoje muitos dos livros proibidos. Vejamos apenas alguns títulos: Dicionário crítico de algumas ideias e palavras correntes (de António José Saraiva), Guia do Pândego (de Carlos Silva), Introdução à Modernidade (de Henri Lefévre), Faz-me rir (de Bocage), História Sexual da Humanidade (de Eugéne Relgis) e Esperanto Internacional.
Em 1965, o prémio atribuido a Luandino Vieira exacerbou a ira de Salazar e motivou uma repressão feroz. Dois exemplos apenas: a Sociedade Portuguesa de Escritores foi assaltada e destruida pela PIDE/DGS e, a seguir, extinta pelo Ministério de Educação; e o Jornal do Fundão foi suspenso por seis meses!
Esta exposição é pequena para expressar a enormidade da repressão aos livros imposta por Salazar. Mas mesmo assim constitui uma mostra significativa da máquina destruidora do pensamento e da literatura que vigorava durante a “ditadura de Salazar”. Registe-se todavia que, de qualquer modo, nem a apresentação de toda a documentação existente, de forma dispersa, e ainda não globalmente conhecida, daria a verdadeira dimensão das consequências dos Serviços de Censura. Por maiores que sejam os meios e o esforço, nunca se conseguirá ter a verdadeira noção quantitativa do volume e da densidade das obras censuradas. Inúmeros documentos se perderam e alguns foram mesmo destruidos no calor da “Revolução de Abril”, em 1974.
Mais do que documentar os anos negros da censura, esta exposição chama a atenção para a importância da liberdade, reconquistada no 25 de Abril de 1974 e aprofundada com a democratização do país.
Não calar a história, mesmo negra, é contribuir para a afirmação da nossa cidadania activa. Por isso, evocar a Censura é afirmar os valores da liberdade.
Luís Humberto Marcos
Director do Museu Nacional da Imprensa
Recordar a Censura Para afirmar a liberdade
Entre Junho de 1926 e Abril de 1974 não houve outra instância tão presente, tão ameaçadora e tão contrária aos direitos humanos como a CENSURA.
Ela era o prolongamento dos dedos e da "consciência" dos censores. E transformou-se numa espécie de bisturi e guardião do tríptico "Deus, Pátria e Família" que regia ideologicamente o Estado Novo.
Durante a “ditadura de Salazar” milhares de livros foram apreendidos e destruidos. Os Serviços de Censura foram sobretudo uma obra do engenho do líder do regime, Oliveira Salazar, no aprimoramento feito durante décadas, através do aparelho repressivo.
O controlo sobre os livros que o país escrevia, ou simplesmente lia, era feito com a intervenção articulada das várias polícias: PSP, GNR, Alfândega, PIDE/DGS. Até a Interpol foi chamada a intervir para detectar um livro proibido.
Os CTT também estavam articulados com as polícias. Apreendendo livros que vinham do estrangeiro, ao mesmo tempo que violavam a correspondência. Autos de busca a apreensão exemplificam o processo de destruição da literatura. Obras de Gil Vicente, Camões, Bocage, Eça de Queirós e Aquilino Ribeiro, entre muitas outras, foram censuradas.
Alguns casos de apreensões chegam mesmo a ser caricatos. Tudo o que se referisse a sexualidade, revolução, sindicalismo, liberdade, etc. estava sob a alçada repressiva da Censura.
Simplesmente ridículos parecem hoje muitos dos livros proibidos. Vejamos apenas alguns títulos: Dicionário crítico de algumas ideias e palavras correntes (de António José Saraiva), Guia do Pândego (de Carlos Silva), Introdução à Modernidade (de Henri Lefévre), Faz-me rir (de Bocage), História Sexual da Humanidade (de Eugéne Relgis) e Esperanto Internacional.
Em 1965, o prémio atribuido a Luandino Vieira exacerbou a ira de Salazar e motivou uma repressão feroz. Dois exemplos apenas: a Sociedade Portuguesa de Escritores foi assaltada e destruida pela PIDE/DGS e, a seguir, extinta pelo Ministério de Educação; e o Jornal do Fundão foi suspenso por seis meses!
Esta exposição é pequena para expressar a enormidade da repressão aos livros imposta por Salazar. Mas mesmo assim constitui uma mostra significativa da máquina destruidora do pensamento e da literatura que vigorava durante a “ditadura de Salazar”. Registe-se todavia que, de qualquer modo, nem a apresentação de toda a documentação existente, de forma dispersa, e ainda não globalmente conhecida, daria a verdadeira dimensão das consequências dos Serviços de Censura. Por maiores que sejam os meios e o esforço, nunca se conseguirá ter a verdadeira noção quantitativa do volume e da densidade das obras censuradas. Inúmeros documentos se perderam e alguns foram mesmo destruidos no calor da “Revolução de Abril”, em 1974.
Mais do que documentar os anos negros da censura, esta exposição chama a atenção para a importância da liberdade, reconquistada no 25 de Abril de 1974 e aprofundada com a democratização do país.
Não calar a história, mesmo negra, é contribuir para a afirmação da nossa cidadania activa. Por isso, evocar a Censura é afirmar os valores da liberdade.
Luís Humberto Marcos
Director do Museu Nacional da Imprensa
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